Desfiles do carnaval em SP começam nesta sexta; conheça os enredos.
Sete escolas do Grupo Especial se apresentam a partir das 23h15. Cada agremiação tem até 65 minutos para atravessar o Anhembi.
Os desfiles das escolas de samba do Grupo Especial paulistano começam nesta sexta-feira (13) no Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo. Os portões serão abertos às 17h e a programação terá início às 23h15, com o desfile da escola de samba Mancha Verde.
Cada uma das 14 agremiações terá entre 55 e 65 minutos para percorrer toda a extensão da avenida. Além da Mancha, irão desfilar nesta sexta Acadêmicos do Tucuruvi, Tom Maior, Dragões da Real, Rosas de Ouro, Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde.
saiba mais
No sábado (14), será a vez de entrar na avenida Unidos de Vila Maria, Gaviões da Fiel, Mocidade Alegre, Império de Casa Verde, Acadêmicos do Tatuapé, Vai-Vai e X-9 Paulistana.
O Grupo de Acesso desfila no domingo (15), com mais oito apresentações: Tricolor Independente, Colorado do Brás, Unidos do Peruche, Camisa Verde, Imperador do Ipiranga, Morro da Casa Verde, Leandro de Itaquera e Pérola Negra. Diferente das agremiações do Grupo Especial, nesta categoria o tempo de desfile varia de 50 a 60 minutos.
Neste ano, os critérios de avaliação de escolas de samba de SP estão mais flexíveis; veja no vídeo acima.
Confira a seguir os enredos e a ficha técnica das sete primeiras agremiações que vão se apresentar nesta sexta:
Mancha Verde
A escola levará para a avenida, a partir das 23h15 de sexta, o centenário do Palmeiras. Grandes ídolos do time alviverde serão homenageados. “Tem uma parte do samba enredo que fala de mim. Você parar de jogar e ter o carinho que eu tenho da torcida é uma coisa que me deixa sempre muito emocionado”, disse o goleiro Marcos, pentacampeão do mundo pela seleção.
A história do clube começou em 1914, quando imigrantes italianos radicados em São Paulo criaram o Palestra Itália. As conquistas, em pouco tempo, se tornam marca do clube. Com o início da Segunda Guerra Mundial, em 1942, porém, o time foi obrigado a mudar de nome. Como a Itália fazia parte do Eixo (com a Alemanha e o Japão), o Palestra tornou-se Palmeiras.
A mudança de nome não afetou o respeito que os torcedores e os adversários tinham pelo clube. Em 1965, o time inteiro do Palmeiras representou a seleção brasileira num jogo contra o Uruguai. Resultado da partida: 3 a 0 para o Brasil.
Esse episódio histórico estará presente no Anhembi. “A fantasia de canarinho representa o Palmeiras vestido de Brasil. Foi quando Palmeiras estava no seu auge e era considerado o melhor time do Brasil”, disse Troy Oliveri, carnavalesco da Mancha Verde.
A escola da Zona Norte levará à avenida, a partir da 0h25 de sábado, as marchinhas que animavam (e ainda agitam) os bailes e blocos de rua carnavalescos. “É um enredo que a gente vai contar a história do carnaval, um resumo da história do carnaval em cinco caros alegóricos. E as marchinhas vão ser o ritmo que vai embalar todo este espetáculo”, disse o carnavalesco Wagner Santos.
Máscaras irão lembrar os bailes de salão. “É uma coisa glamourosa, faz parte do carnaval, sempre fez e acho que sempre vai fazer”, disse a atriz Maysa Magalhães, musa da Tucuruvi.
As alegorias vão relembrar a gênese das músicas carnavalescas, ocorrida no Rio, passando pelos salões, os blocos de rua e, finalmente, as atuais agremiações.
Compositores que criaram algumas das mais famosas marchinhas, como Chiquinha Gonzaga, também vão ser homenageadas. “Marchinha é o tempero do carnaval, né?”, disse o mestre-sala Renato Trindade.
No ano passado, a escola passou por um sufoco sem precedentes: um problema no carro abre-alas fez com que o desfile começasse 15 minutos atrasado. A correria e o estresse serviram de inspiração para o tema que a escola irá abordar neste ano, a partir da 1h35: a adrenalina.
“Nós abrimos com o próprio corpo humano recebendo essa descarga de adrenalina. É um carro todo colorido, com expressões faciais bem fortes”, disse o carnavalesco da Tom Maior, Mauro Quintaes. “Teremos cores bem fortes, como se fosse uma grande explosão.”
A escola depois irá focar na maneira como esse hormônio atua no amor, como as palpitações durante o primeiro beijo. A descarga de adrenalina em momentos de terror e de pânico será lembrada em um carro que, segundo a agremiação, contará com a maior escultura do carnaval deste ano.
A adrenalina está presente não só no desfile, mas principalmente na apuração das notas. “Quando aquele rapaz começa a abrir os envelopes e diz: ‘Tom Maior, nota 10’, aí eu explodo de adrenalina”, lembra o coordenador de alas da agremiação, Dielson Ferreira.
A alegria do universo infantil vai invadir a avenida, a partir das 2h45 com a Dragões da Real. “Teremos fadas, teremos duendes, teremos bruxas, teremos bruxos, teremos o grande continente perdido, a Atlântida. Teremos várias coisas que as pessoas duvidam da sua existência”, disse o carnavalesco Flávio Campelo.
Com o enredo sobre o “acredite se quiser”, a agremiação tricolor vai incentivar a imaginação. “Nós traremos à tona e mostramos para as pessoas que tudo é possível. O imaginário é possível”, acrescentou o também carnavalesco Dione Leite.
Um dragão, símbolo da escola, ganha vida no enredo e convida um menino chamado Tomé a embarcar numa viagem. Parte dessa história se passa numa floresta encantada.
Crianças e adultos vão dividir o espaço na avenida. “Se você tiver imaginação, você vai onde quiser”, disse Paloma Barbosa, harmonia da escola. “Não importa se é criança ou se é adulto, imaginando você vai para onde quiser.”
Rosas de Ouro
O mundo dos contos de fadas servirá de tema neste ano para a Rosas de Ouro. A agremiação será a quinta a entrar no Anhembi, às 3h44 de sábado.
“Vamos pegar as mensagens desses contos e usaremos de forma motivacional e, assim, fazer um grande espetáculo”, disse o carnavalesco Jorge Freitas. O tabuleiro da vida estará representado na comissão de frente.
Os demais carros vão representar um grande reino encantado, no qual cada componente é um personagem. “Eu me identifico muito com o Leão do Mágico de Oz”, disse Leandro Marciano da Silva, integrante da comissão de frente. “Ele não tem a coragem e, depois, descobre que a coragem está dentro dele. Então é mais ou menos o que acontece comigo: eu vou sair na comissão de frente e estou precisando de bastante coragem.”
A presidente da escola, Angelina Basílio, também incorporou o espírito do enredo e decidiu ir para a avenida vestida de fada-madrinha. “Vou cheia de coragem, sem medo, perseverante, para chegar à consagração.”
No fim da madrugada de sábado, a escola de samba vai entrar na avenida homenageando os japoneses e sua relação com o Brasil. “A Águia vem fazendo uma grande celebração de dois povos amigos, Brasil e Japão, 120 anos de união”, afirmou o carnavalesco Claudio Cebola.
A escola vai ressaltar o taiko, um tambor oriental típico. “É um instrumento de marcação, então tem tudo a ver com o samba”, afirmou o mestre Juca. Os integrantes da bateria irão fantasiados de tocadores de taiko. Além disso, ele vai ser homenageado em alegorias e até numa ala. “Vou tocar e sambar”, disse Mitsue, um dos músicos que irão desfilar.
A madrinha de bateria, a bela Miku Oguchi, por sinal, é japonesa. A jovem aprendeu a sambar no Japão. É lá que tem o maior carnaval fora do Brasil, o Asakusa. Que, é claro, vai ser homenageado pela Águia de Ouro. “Hoje o Japão tem escola de samba, tem sambista, passista, bateria, porta-bandeira, tocam cavaquinho, baixam música brasileira”, disse o carnavalesco Amarildo.
Em um carro a escola vai falar do fenômeno mundial dos mangás, que são histórias em quadrinhos feitas no país. Também vai abordar os robôs e a tecnologia de ponta, a fé e a superstição.
Última escola do primeiro dia do carnaval, a Nenê de Vila Matilde vai entrar na avenida já na manhã de sábado. A escola contará a história de Moçambique, país africano que, assim como o Brasil, foi colônia portuguesa.
Árvore-símbolo da África, o baobá será lembrado na avenida. “Para os africanos, não se faz nada se você não for ao pé do baobá”, disse Márcio Telles, diretor de harmonia. “A criança nasceu, você tem que leva-la ao pé do baobá. Vai casar? Vai ao pé do baobá. O pessoal joga moeda ao pé do baobá.”
A planta chegou ao Brasil com os escravos na época da colonização. Recife, capital de Pernambuco, é conhecida como coração da espécie no país. O gigante é considerado patrimônio histórico e cultural, e é impossível ficar indiferente diante dele.
O povo matildense se identificou muito com essa história”, disse o carnavalesco Pedro Alexandre. “Se você fizer um paralelo, Nenê de Vila Matilde e Moçambique têm tudo a ver. Aquela coisa de lutar pelos seus direitos, de enfrentar dificuldades, mas sempre com alegria no rosto, sempre passando mensagens positivas.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário