Gol no fim e festa vascaína: as reações do público, 73% maior que em
2014 Torcidas de Vasco e Bota superam número do primeiro jogo entre o
Cruz-Maltino e o Fla. Travessão de Arão e comemoração de Rafael Silva
explicitam emoções no Maraca.
De um lado, uma torcida que não é campeã carioca há 12 anos. Do outro, uma que vem recuperando a confiança aos poucos, após uma queda dolorosa para a Série B do Campeonato Brasileiro. A final improvável aconteceu e começou a ser decidida no último domingo. E o melhor: os torcedores compareceram.
O público presente no Maracanã para assistir ao confronto entre Vasco x Botafogo foi de 45.488 presentes, 73% a mais do que a decisão do ano passado, entre o Cruz-Maltino e o Flamengo - na ocasião, 26.242 pessoas foram ao estádio.
A classificação conquistada sobre o arquirrival parece ter dado mais confiança à torcida vascaína, que já do lado de fora tomava as ruas em bom número. Mais do que os alvinegros, que não por isso deixaram de fazer barulho.
A entrada das equipes no gramado do Maracanã foi junto com uma festa na arquibancada cruz-maltina. Três bandeirões estendidos e letras que formavam a frase tantas vezes repetida pelo presidente Eurico Miranda, desde que retornou ao cargo máximo do clube: "O respeito voltou". Ponto.
Do outro lado, os alvinegros balançavam bexigas e bandeiras e incentivavam o time com: "E ninguém cala esse nosso amor". E o Botafogo assustou logo nos primeiros segundos de jogo.
Depois, foi a vez de Dagoberto animar sua torcida - os vascaínos vibraram com o nome do atacante no telão, como titular. No jogo, o alvoroço foi maior quando ele deu um belo chapéu em Diego Giaretta.
Os vascaínos não acreditaram na finalização de Julio dos Santos, por cima do gol. O volante havia recebido cara a cara com Renan. Mas a torcida cruz-maltina logo se animou com os desarmes e a disposição de Guiñazu, "o pitbull", segundo eles. Os latidos eram imitados na arquibancada quase toda fez que o argentino tocava na bola.
Torcida do Vasco seguiu provocando os rivais Flamengo e Fluminense. Festa foi bonita (Foto:
Se nas arquibancadas as torcidas faziam um duelo de cantos, vaiando o lado oposto quando os adversários entoavam algum grito, Rodrigo e Bill também se estranhavam em campo. Os dois acabaram punidos com o cartão amarelo em um lance. O atacante alvinegro disse que situações como esta são normais em decisões.
- É o clássico, todo mundo sabe que jogar clássico é isso mesmo. Equipe está bem, lutando. Quase marquei, mas ele (Martín Silva) foi feliz - disse Bill, que obrigou o goleiro cruz-maltino a fazer boa defesa.
Cavadinha, travessão e substituições
A volta para o segundo tempo mostrou torcidas mais tensas, fazendo cobranças, mas sem perder o ânimo. O Botafogo começou avassalador, como na etapa inicial. Mas o Vasco logo foi se estabilizando novamente na partida. Aposta do Alvinegro para gols, Bill causou desespero nos torcedores ao receber de Pimpão e dar uma cavadinha para tentar tirar Martín Silva da jogada. A bola foi passando, como em câmera lenta ao lado da trave à direita do goleiro vascaíno, para fora. Aflição de um lado do Maraca, alívio do outro.
Marcinho e Dagoberto, desgastados, deram lugar a Rafael Silva e Bernardo. Mal sabia Doriva que suas substituições de dois dos jogadores mais técnicos do time poderiam mudar o cenário do domingo. Ou sabia.
O Botafogo chegou perto de abrir o placar. Muito perto. Depois de uma jogada na grande área, Willian Arão encheu o pé, e a bola explodiu no travessão. A torcida alvinegra também explodiu. Quase o volante, de novo, na mesma baliza em que marcou e também perdeu um gol no primeiro jogo contra o Fluminense.
- São coisas do futebol. Fazer o quê? A bola sobrou para mim, e eu só pensei em chutar. Vamos continuar focados para o próximo jogo - afirmou Arão após o confronto.
Herói improvável e "vocês já sabem o que eu vou dizer"
A placa dos acréscimos já havia sido levantada. Três minutinhos para o fim, e semana que vem os times se encontrariam de novo para, quem sabe, tirar esse zero a zero do placar. Foi Rafael Silva quem fez isso, aos 46. Quando aprontava-se para entrar em campo, acabou ofuscado por Bernardo, sempre querido pela torcida. Ali, naquele momento, foi o atacante quem roubou a cena.
Falta na intermediária, e Bernardo levantou na área. A defesa do Botafogo não acompanhou, e a bola foi parar nos pés de Rafael Silva. Finalização sem chances para Renan. Restou ao jogador "imitar" o companheiro Gilberto e correr com seu moicano loiro inconfundível para os braços da torcida. Felicidade explícita, apito de fim de jogo.
- Nossa, é o sonho de qualquer um. Fazer um gol assim, no fim. Ainda não caiu a ficha. Vou rever o gol muitas vezes (risos) - contou Rafael Silva na zona mista.
À arquibancada do Vasco, coube fazer grande festa, mesmo após o término do jogo. Os alvinegros não se intimidaram e incentivaram o time. Duas torcidas sedentas pelo grito de "campeão". E um presidente visivelmente contente com o resultado. Ao deixar o vestiário, Eurico Miranda apenas sorriu para os jornalistas:
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