
Aviões na mira: o vice-presidente da Indonésia, Jusuf Kalla, ameaça cancelar a compra de oito dos 16 Super Tucanos encomendados ( foto: ANTARA FOTO/Muhammad Adimaja)
A crise diplomática entre o Brasil e a Indonésia, provocada pela condenação à morte de dois brasileiros, ganhou mais um conflituoso capítulo na última semana, com direito a um novo personagem: a Embraer.
Na terça-feira 24, o mandatário declarou que o seu governo pode rever as compras dos aviões da Embraer, em resposta ao governo brasileiro, que não aceitou receber o novo embaixador indonésio Toto Riyanto em Brasília, no mês passado.
Em 2010, a Indonésia adquiriu oito aeronaves modelo EMB-314 Super Tucano para a Força Aérea. Dois anos depois, encomendou mais oito, que seriam entregues até 2017.
O acordo comercial previa ainda intercâmbio de tecnologias, fornecimento de peças e manutenção das aeronaves.
“A Embraer, infelizmente, está sendo usada para fazer pressão política contra o Brasil”, diz Marcus Vinicius de Freitas, professor de relações internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap).
Em 17 de janeiro, o carioca Marcos Archer foi executado. Já o paranaense Rodrigo Gularte aguarda sua vez de enfrentar o carrasco.
Nesse meio-tempo, os contratos comerciais entre o Brasil e a Indonésia podem sofrer um revés se os desentendimentos continuarem. No ano passado, a Indonésia comprou US$ 2,2 bilhões do Brasil.
Por outro lado, vendeu US$ 1,5 bilhão para o mercado brasileiro. No dia em que o vice-presidente fez o pronunciamento, as ações da Embraer caíram 2,5%. “Mas já estão se recuperando”, afirma Ricardo Kim, analista da XP Investimentos.
Na quinta-feira 26, as ações da companhia subiram 1,63%.
Para Kim, caso o pedido seja cancelado, o prejuízo não deve ter grande impacto nos resultados da Embraer, cuja carteira de pedidos supera os US$ 22 bilhões.
“A empresa tem 500 aviões encomendados e oito não devem ter grande impacto em suas contas”, diz. No entanto, há outras empresas que podem sofrer, caso a Indonésia cancele contrato.
A Avibras, que fabrica equipamentos bélicos, tem um pedido de R$ 900 milhões para fornecimento de lança-mísseis. E mais: o país asiático é grande consumidor de açúcar, milho e soja do Brasil.
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