06/03/2015 às 11:43hs
Janot
(gravata vermelha) visitando Renan no Senado em setembro: agora a história é
outra (Foto: Jane Araújo/Agência Senado)
Na foto acima, de setembro do
ano passado, tudo são flores. Sentados sobre sofá de couro centenário trazido
do antigo edifício do Senado, no Rio — que, como outros móveis de época, ainda
povoam alguns gabinetes da Casa, em Brasília, como o do presidente –, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, levou pessoalmente ao presidente
do Senado e do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), um relatório sobre suas
atividades após um ano à frente do Ministério Público.
Agora, Renan anda furioso com o
procurador-geral desde que soube que seu nome está na lista dos políticos a
respeito dos quais Janot solicitará ao Supremo Tribunal Federal investigação
sobre possível envolvimento na roubalheira do petrolão.
Não são apenas as atitudes e
declarações públicas do senador que contam, como suas críticas de que o
procurador-geral está “cerceando o direito de defesa” dos integrantes da lista,
por exemplo. Os comentários que ele faz junto a colegas de partido e de Senado
são em tom bem mais elevado — sente-se que Renan, se puder, pula na carótida de
Janot.
Publicamente, porém, o
senador deixou escapar uma declaração que poderá ser uma pedra no caminho de
seu atual alvo, dizendo que acharia muito interessante alterar normas que
regulam a indicação do chefe do Ministério Público, sobretudo em caso de a(o)
presidente da República propor a recondução do titular para mais um mandato de
dois anos.
O mandato de Janot expira daqui
a pouco mais de seis meses, a 17 de setembro deste ano. Tudo indica que não
está nos planos da presidente Dilma romper com uma espécie de tradição e NÃO
reconduzir o procurador-geral — cenário mais provável ainda para uma presidente
que quer tudo, menos causar marolas.
Mas prestemos todos atenção:
dependendo do curso que seguirem as relações entre Renan Calheiros e Rodrigo
Janot, eu não estranharia nem um pouco se, em elas azedando, o presidente do
Senado tornasse muito difícil a aprovação do nome do procurador-geral, quando
chegar a vez de sua indicação ser submetida ao voto dos senadores. Ele tem a
maioria do Senado na mão.
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